Como o MAGA tornou o Partido Republicano no "Partido Trump"

Tinham passado apenas cinco dias desde a reeleição do Presidente Barack Obama, em novembro de 2012, quando um magnata do imobiliário de Nova Iorque pagou 325 dólares para registar a frase “Make America Great Again” (MAGA) para a utilizar com fins políticos. A frase não era propriamente nova: em 1980, Ronald Reagan já se tinha candidatado à Casa Branca com o lema “Let’s Make America Great Again”. Mas a decisão de Donald Trump, no outono de 2012, acabou por deixar uma marca mais visível na política norte-americana.
Passados treze anos, o MAGA não serviu apenas de lema para as três campanhas do atual Presidente e transformou-se num movimento que tomou conta do Partido Republicano. Ouvidos pelo Observador, quatro antigos funcionários de políticos republicanos traçam uma fórmula que permitiu o sucesso: a agenda política “America First”, somada a um fundador e líder que conhece a sua base de apoio “melhor que ninguém”. “O Presidente Trump é o Partido Republicano. Isto não é o Partido Republicano. Isto é o Partido Trump“, resume Matt Terrill, atual estratega político e antigo chefe de gabinete da campanha presidencial de Marco Rubio.
A fórmula leva estes republicanos a ter outra certeza: até 2028, data em que termina o mandato de Donald Trump, a preponderância do MAGA continuará a ser inquestionável. O tema de uma possível cisão desta coligação de apoio ao Presidente tem surgido nas últimas semanas devido a vários temas que geraram divisões tanto entre a base eleitoral como no interior do Partido: primeiro, os ataques norte-americanos contra o Irão; depois, o mega projeto legislativo de cortes e isenções fiscais; e, esta semana, a publicação dos ficheiros Epstein. Porém, uma e outra vez, os temas foram sendo abordados sem ter sido sacrificada a união do movimento MAGA.

▲ O lema MAGA chegou à política norte-americana em 2016, na primeira campanha presidencial de Trump
ERIK S. LESSER/EPA
Neste cenário, impera uma questão: o que acontece ao sucesso quando se tira uma das partes da fórmula? Ou, por outras palavras, pode o MAGA sobreviver sem Donald Trump, que cumpre agora o seu último mandato? As certezas desaparecem. Matt Terrill, Cesar Conda e Brian Seitchik, que trabalharam com Donald Trump ou com alguns dos seus aliados mais próximos, acreditam que o MAGA mudou irreversivelmente o Partido Republicano. Seja por motivos ideológicos — os republicanos converteram-se genuinamente a esta linha ideológica —, ou por motivos calculistas — os republicanos entenderam que a agenda “America First” ajuda a ganhar votos —, acreditam que o Partido continuará a apostar nesta agenda.
Contudo, Michael Connallen, que trabalhou com congressistas de uma linha mais moderada, acredita que o MAGA foi uma onda que não deve tardar a recuar após a saída de Donald Trump. Posteriormente, o Partido Republicano irá regressar à forma de fazer política que predominava nos anos pré-Trump e que assenta na negociação entre mais ideologias, mais diversas.
Divórcio do MAGA? “Já vimos este filme antes, não vai acontecer”Quando Laura Ingraham subiu ao palco do centro de convenções de Tampa, na Flórida, no passado fim de semana, a pergunta que tinha para fazer à sua audiência era simples: “Quantos de vocês estão satisfeitos com os resultados da investigação Epstein?”. A resposta foi um coro de vaias, descreve o Washington Post. Ingraham foi uma das dezenas de oradoras que passou pelo palco de Student Action Summit, um evento organizado pelo grupo conservador Turning Point, que visa estudantes e as gerações mais novas.
Ingraham não foi a única a trazer o tema Epstein a debate. O mesmo foi feito por Charlie Kirk, fundador da Turning Point, e Steve Bannon, antigo conselheiro de Trump, duas das vozes mais influentes nos espaços da direita conservadora. Foi precisamente nos espaços online da direita conservadora, mais particularmente entre as gerações mais novas, que a recusa inicial da administração Trump em publicar os ficheiros Epstein se fez sentir. Quem o diz é Matt Terrill, argumentando ao Observador que este grupo procura “justiça”, “clareza” e “respostas”.
"O movimento MAGA vai estar unido. Já vimos este filme antes: tanto no Irão, como até em 2020 [depois de perder as eleições], quando as pessoas disseram 'ele está acabado, a base vai abandoná-lo'. Isso não aconteceu. E não vai acontecer agora."
Matt Terrill, atual estratega político e antigo chefe de gabinete da campanha presidencial de Marco Rubio
Apesar das críticas acesas, Kirk garantiu ao Washington Post que “nunca tinha dito” que o coro de críticas possa representar o fim do MAGA. “As pessoas estão a falar sobre Epstein porque AMAM Trump. Temos medo que as mesmas pessoas que tentaram matar Trump, destituí-lo e atirá-lo para a prisão estivessem atrás de Epstein”, justificou posteriormente o ativista nas suas redes sociais, onde soma milhões de seguidores.
As declarações, feitas depois de Donald Trump ter, primeiro, apelado à união do MAGA e, depois, recusado o apoio dos “fracos” que insistiram no tema Epstein, foram em tudo semelhantes às de Laura Loomer, outra voz influente da direita online mais próxima do Presidente Trump. Também na quarta-feira Loomer argumentava que a sua insistência no caso Epstein se justificava com a sua preocupação pelo facto de o trabalho que tem feito na Casa Branca poder ser “consumido” por um único caso. “Eu também estaria irritada se fosse o Presidente Trump, a ganhar pelo povo americano todos os dias e as pessoas se quisessem focar num único assunto, em vez de em todos os outros. O Presidente Trump está a fazer imensas coisas boas e não precisamos de deitar fora o bebé com a água do banho”, escreveu.
As suas declarações representam a posição de uma margem do eleitorado de Donald Trump: mesmo desiludidos com certas ações do Presidente, não retiram o seu apoio e procuram enquadrar as suas críticas como preocupação pela manutenção da sua liderança. Esta realidade leva Matt Terrill a dizer, tal como Kirk, que as narrativas de um “divórcio” MAGA são exageradas. “O movimento MAGA vai estar unido. Já vimos este filme antes: tanto no Irão, como até em 2020 [depois de perder as eleições], quando as pessoas disseram ‘ele está acabado, a base vai abandoná-lo’. Isso não aconteceu. E não vai acontecer agora”, argumenta.
O facto de estas críticas já terem surgido noutras ocasiões ajuda a explicar esta afirmação, pois ilustra a diversidade de posições no interior do MAGA. Para haver um divórcio teria de haver uma fação que alinha sempre com Trump e outra que discorda sempre de Trump, mas não é isso que se verifica. Pelo contrário, alguns seguidores criticaram os ataques ao Irão, outros a política fiscal, outros o facto de o Presidente ter aceitado um avião do Qatar e outros a recusa em divulgar os ficheiros Epstein.

▲ Conselheiro de Trump em 2017, Bannon tem criticado Trump acerca de vários temas
MANDEL NGAN/AFP/Getty Images)
Desde a sua fundação, em meados do século XIX, coexistem no interior do Partido Republicano diferentes linhas ideológicas, que se foram adaptando à História. A justificação para esta coexistência deriva do próprio sistema político norte-americano, que favorece o bipartidarismo e obriga as franjas ideológicas a integrarem-se num dos dois grandes partidos, sob pena de desaparecem. Em 2016, surgiu uma nova linha ideológica, entre os Republicanos: o MAGA.
“A coligação do Partido Republicano que já existia, composta por Reaganites [apoiantes da linha de Ronald Reagan], libertários, conservadores sociais e falcões da política externa teve de se adaptar a estes novos círculos eleitorais, mais populistas, trazidos por Donald Trump”, argumenta Cesar Conda, consultor e antigo assistente do vice-presidente Dick Cheney entre 2001 e 2003. Ao Observador, os quatro republicanos destacam a integração de eleitores “da classe trabalhadora, hispânicos e afro-americanos” — eleitores tradicionalmente democratas — e de independentes e abstencionistas desiludidos com o sistema, cuja transferência de votos para o Partido Republicano é confirmada por estudos pós-eleitorais.
Conda considera que o sucesso desta linha ideológica está na “mensagem vencedora” que transmitiu: “A agenda populista ‘America First'”. De forma unânime, os republicanos apontam dois pilares desta mensagem que, dizem, vão ao encontro das preocupações expressas pelos eleitores: a economia e a imigração. As promessas de combater a inflação crescente e pôr um travão à entrada de imigrantes no país de forma irregular valeram-lhe não só os votos dos republicanos tradicionais, como de uma nova margem de outros eleitores. Matt Terrill define esta agenda como a “fórmula” de Donald Trump.
"O povo americano tem noção das coisas boas e más [de Donald Trump] e está disposto a lidar com algumas coisas que podem incomodá-los em troca do que veem como uma visão para a América."
Brian Seitchik, responsável pelas campanhas presidenciais de Trump no Arizona
O facto de estes serem os dois temas centrais da coligação de apoio a Donald Trump ajuda a perceber porque é que nenhum dos outros temas que têm gerado debates no seio do MAGA resultou, até agora, numa cisão profunda. “Vai haver debates internos sobre os detalhes das tarifas e das políticas fiscais e a extensão em que o governo dos EUA deve intervir no estrangeiro”, admite Cesar Conda, realçando que o sucesso continuará a existir enquanto a agenda “America First” continuar a ser preponderante. “O povo americano tem noção das coisas boas e más [de Donald Trump] e está disposto a lidar com algumas coisas que podem incomodá-los em troca do que veem como uma visão para a América”, considera, por sua vez, Brian Seitchik, responsável pelas campanhas presidenciais de Trump no Arizona.
A mesma ideia foi transmitida por Laura Loomer numa mensagem partilhada na sua conta do X: “Trump não fez campanha sobre divulgar os ficheiros Epstein. Ele foi questionado sobre se o faria e disse ‘vou olhar para isso’. Ele fez campanha sobre reduzir a inflação, tarifas recíprocas, deportações em massa, acabar o muro e acabar guerras”.
Além da popularidade desta agenda, Michael Conallen, antigo chefe de gabinete de vários congressistas republicanos, faz questão de vincar outro fator do sucesso: o fundador do movimento. “Há algo específico em Donald Trump. A sua habilidade de comunicar e conectar com os eleitores republicanos não tem precedentes”, avalia o agora consultor político. Esta liderança de Donald Trump é de tal forma preponderante que não é visível apenas entre a base eleitoral, mas no seio do Partido.

▲ Trump conquistou eleitorados tradicionalmente democratas
Getty Images
Em janeiro de 2016, de passagem pelo Iowa e com a sua primeira ida às urnas ainda a vários meses de distância, Donald Trump já se gabava da lealdade que tinha conseguido cultivar entre os seus eleitores. “Eu podia estar no meio da 5.ª Avenida e dar um tiro em alguém e não ia perder votos”, declarou durante um comício.
“A declaração é hiperbólica, mas o sentimento é real e muito verdadeiro”, comenta Brian Seitchik. Nove anos depois, continua a ser verdade? Os republicanos ouvidos pelo Observador não têm dúvidas disso e elencam vários exemplos. Nas urnas, Trump melhorou os resultados quer no voto popular, quer no Colégio Eleitoral. Na Casa Branca, conseguiu manter uma administração mais unida — visível numa rotatividade de cargos muito menor do que no primeiro ano da sua primeira administração. Os republicanos atribuem a coesão dentro da administração ao facto de Trump ter escolhido figurais mais leais do que na primeira administração, uma lealdade visível nos sucessivos temas que têm dividido a base eleitoral: em todos, a administração falou a uma só voz, a de Trump. “No final de contas, o Presidente é que está a liderar e estamos a ver isso”, considera Matt Terrill.
O próprio Donald Trump continua a ter noção da sua preponderância e da sua agenda. No primeiro dia da guerra entre Irão e Israel, no mês passado, a Atlantic questionou o Presidente como é que a agenda “America First” podia contemplar ataques contra o Irão – que parte dos seus apoiantes queria evitar e que acabaram por ser criticados. “Considerando que eu é que desenvolvi o ‘America First’ e considerando que o termo não era utilizado até eu ter aparecido, acho que eu é que decido isso”, respondeu Donald Trump.
Da mesma forma que é difícil manter uma base eleitoral coesa ou uma administração coesa, a dificuldade também se estende ao Congresso, onde é necessário equilibrar diferentes linhas ideológicas, mas também os interesses estaduais de cada congressista e, nesta legislatura em específico, as margens muito estreitas no Senado e na Câmara dos Representantes. Ao longo da História, as vitórias legislativas dos Presidentes no Congresso conquistaram-se através de negociações, argumenta Michael Conallen, que, como chefe de gabinete, assistiu a esse processo ao lado de três congressistas diferentes entre 2002 e 2018.
"Os indivíduos da administração Trump, do movimento MAGA, não são estúpidos. Percebem que Brian Fitzpatrick vai votar sem estar necessariamente de acordo com o movimento MAGA, mas que esses votos são necessários para que ele seja reeleito. E eles dão-lhe essa autorização."
Michael Connallen, antigo chefe de gabinete do congressista Brian Fitzpatrick, um de apenas dois republicanos, que votou contra a "one big beautifull bill"
Sob Trump, esta negociação é menos visível, continua o consultor. “Acho que Donald Trump exige lealdade. É muito raro que ele permita algum tipo de deslealdade”, declara, acrescentando que o que o Presidente diz é tomado como “um evangelho”. Porquê? Porque se um congressista se atrever a desafiar a agenda “America First”, o chefe de Estado irá apoiar um candidato mais alinhado com ele nas eleições para o Congresso em 2026, considera. Esta punição dos republicanos desleais foi visível no caso de Thomas Massie, um congressista republicano, de linha libertária, que votou contra a “One Big Beautifull Bill”. Poucos dias depois, foi formado um novo comité de ação política para apoiar um candidato MAGA para desafiar a reeleição do representante do Kentucky em 2026.
Apesar de ter sido o principal alvo do descontentamento de Donald Trump, Thomas Massie não foi o único representante republicano que votou contra o seu projeto de lei. A seu lado no “não” esteve Brian Fitzpatrick, da Pensilvânia, de quem Conallen foi chefe de gabinete durante a primeira administração Trump. O agora consultor considera que os casos são diferentes, pois Fitzpatrick tinha um trunfo: o facto de o distrito que o elege ser “roxo“, ou seja, eleger tanto representantes democratas como republicanos, sem lealdade clara a um dos partidos. Aliás, Fitzpatrick é um de apenas três representantes republicanos que ganharam um distrito eleitoral onde Kamala Harris ganhou a corrida a Presidente. E, com as margens atuais, todos os lugares do Congresso contam nas eleições de 2026.
“Os indivíduos da administração Trump, do movimento MAGA, não são estúpidos. Percebem que Brian Fitzpatrick vai votar sem estar necessariamente de acordo com o movimento MAGA, mas que esses votos são necessários para que ele seja reeleito. E eles dão-lhe essa autorização”, avalia Michael Conallen. Apesar disso, reconhece que o processo de negociação entre os interesses do Presidente e os interesses dos círculos eleitorais que os elegeram também é cada vez mais raro, devido à generalização da agenda “America First” e do Movimento MAGA em todos os níveis do Partido Republicano.

▲ Trump conseguiu manter a união no Congresso, apesar de vários obstáculos
WIN MCNAMEE / POOL/EPA
Porém, tal como entre as bases do eleitorado, a fórmula “mensagem política + caráter do líder” também pesa no Congresso. Reconhecendo que o processo de negociação intrapartidário é uma característica intrínseca do sistema político norte-americano, Brian Seitchik declara que cada Presidente tem as suas próprias estratégias para fazer os congressistas aprovarem os seus projetos de lei. A arma de Donald Trump? A sua “acessibilidade”. “Os membros do Congresso sabem que se votarem ‘não’, ele vai ligar-lhes. Mas também sabem que se tiverem uma opinião, podem aproximar-se dele e serão ouvidos. Ele percebe a natureza comercial da política”, elabora.
JD Vance e Marco Rubio: o que têm em comum os dois nomes no topo da administração Trump? Entre outras coisas, o facto de, na origem do movimento MAGA, terem sido seus críticos. “Oscilo entre pensar que Trump é um idiota cínico como Nixon que não pode ser assim tão mau e que é o Hitler da América”, escreveu Vance numa mensagem privada em 2016. Posteriormente, viria a explicar que a sua hostilidade a Trump era baseada no “estilo” e não na “substância”, com a qual disse ter percebido que concordava. Já Rubio, que se opôs a Trump nas primárias do Partido Republicano de 2016, justificou a sua mudança de posição com o facto de “Trump ter dado voz ao sentimento [de milhões de americanos que já não acreditavam no ‘sonho americano’]”.
Rubio e Vance são apenas duas de dezenas de vozes republicanas que se renderam ao movimento MAGA. Cesar Conda, que também trabalhou como chefe de gabinete de Rubio quando este era senador, afirma que explicação para esta mudança é “simples”. “Os políticos são empresários de políticas públicas que gravitam para as agendas que os eleitores exigem. Durante a última eleição, os eleitores exigiram o fim da imigração ilegal, envolvimentos no estrangeiro e inflação”, resume. Matt Terril, que trabalhou na campanha presidencial de Rubio, e Brian Seitchick, que trabalhou na campanha de Trump no Arizona, corroboram a posição de que a conversão ao MAGA surgiu de uma crença genuína — ainda que sempre calculista — na agenda de Donald Trump.
"Se o [Partido Republicano] quiser continuar a dominar eleições a nível nacional, terá de continuar a promover a agenda 'America First' que apela aos milhões de eleitores da classe trabalhadora que Donald Trump trouxe para a Grande Tenda do [Partido Republicano]."
Cesar Conda, consultor e antigo assistente do vice-presidente Dick Cheney entre 2001 e 2003
Por esse mesmo motivo, consideram, respetivamente, que “houve uma mudança permanente” e uma “mudança nas balizas” do Partido Republicano. Ou seja, a nova agenda populista, para além de trazer novos eleitores, apagou o peso de uma fação do Partido. Neste caso, de uma fação muito específica: os neoconservadores ou “falcões” da política externa, que viam a bons olhos a intervenção externa. No seu lugar, ficaram ideias de isolacionismo e nacionalismo. Esta substituição de ideias aconteceu através da conversão de republicanos a esta linha ou à saída de outros do Congresso.
A visão destes três consultores republicanos sobre a forma como o MAGA colonizou o Partido Republicano ajuda a perceber a sua visão para o futuro. Todos acreditam que a mudança foi de tal forma sistémica que o movimento irá sobreviver mesmo com Donald Trump fora da Casa Branca. Esta confiança é motivada por uma acumulação de fatores. Por um lado, porque a mensagem política se revelou eficaz num extenso grupo de eleitores. “Se o [Partido Republicano] quiser continuar a dominar eleições a nível nacional, terá de continuar a promover a agenda ‘America First’ que agrada aos milhões de eleitores da classe trabalhadora que Donald Trump trouxe para a Grande Tenda do [Partido Republicano]”, considera Cesar Conda.
Por outro lado, a eleição de 2024 provou que, mesmo fora da Casa Branca, Donald Trump consegue mobilizar eleitores e levá-los às urnas. A dúvida surge relativamente à eficácia desta mobilização se o nome no boletim não for o seu. Terrill e Seitchik argumentam que essa resposta depende do nome que Trump escolher apoiar nas primárias republicanas de 2028 — ou seja, de quem será o seu herdeiro político. Sem se comprometerem com nenhum nome — nem mesmo JD Vance — reconhecem que o sucesso dependerá da capacidade de este sucessor captar “a confiança” do movimento MAGA. E como se consegue essa confiança? Ainda que não haja certezas, Brian Seitchik considera que ter o voto de confiança do líder do movimento será um ótimo ponto de partida.

▲ Os republicanos não se comprometem com nomes para herdar o MAGA
YURI GRIPAS / POOL/EPA
Porém, Michael Connellan, que trabalhou com republicanos mais distantes do movimento MAGA, tem uma visão completamente diferente do futuro do Partido Republicano. Para este consultor, o MAGA é apenas uma “onda” que muitos republicanos utilizaram para se aproximarem do Presidente e dos seus eleitores, mais do que uma ideologia que tomou conta do Partido de forma genuína. Portanto considera que, sem Trump, a ideologia não irá desaparecer, mas perderá algum fulgor.
“Não vejo potenciais sucessores MAGA capazes de continuar a avançar a agenda do Presidente Trump. A não ser que um sucessor mostre a mesma capacidade de comunicar e de se conectar da mesma forma, veremos outros [republicanos] que podem ter andado ao lado do Presidente ou em silêncio a tornarem-se mais influentes”, argumenta. Mas, por agora — e até 2028 –, os republicanos concordam que a coligação MAGA que Trump fundou e que suporta a sua administração está para ficar.
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